quinta-feira, 14 de agosto de 2014

MISSÃO DE DEUS, MISSÃO TRANSFORMADORA!


    Há quase quatro anos conheci a Missão Integral e confesso que encontrei nela respostas para várias perguntas que insistiam em não serem respondidas. Deparei-me com uma pergunta saliente, inquietadora e até certo ponto frustrante: Se sua igreja sai do seu bairro hoje, fará falta? A minha resposta sincera, sem máscaras e se medos foi: “não”

Não é que nós nãos estejamos fazendo nada, pois temos consciência que fazemos muito para que o reino de Deus cresça e desenvolva. Porém, somos aquilo o que a grande maioria das igrejas é, um local de adoração.  

Vivemos uma vida dupla: à noite vamos pra igreja adorar ao Senhor em dias pré-estabelecidos e depois voltamos para as nossas casas. Não nos preocupamos com nada, nem com ninguém, não nos atualizamos sobre os problemas sociais do bairro, da cidade e do país.

Estamos alienados numa estrutura religiosa fechada dentro de quatro paredes, um piso e um teto. Somos os “igrejados” e muitos que passam a pensar e refletir sobre a estase da igreja, infelizmente se tornam no que não deveriam se tornar: “desigrejados”.

Somos uma multidão de 43 milhões de pessoas em todo o Brasil e alguns Bilhões no mundo todo com altíssimo potencial, que carregam alguns bilhões de dólares e trabalham em muitos lugares e que têm dentro de si o Poder do Espírito Santo, mas não conguem influenciar relevantemente a massa.

Algumas igrejas Neopentecostais percebendo isso aprisionaram o Cristo na Cruz e aderiram ao capitalismo fatal entronizando Mamom em seus púlpitos e coração. Decorrente disso uma grande soma do potencial financeiro das igrejas que deveria ser usada para a transformação de vidas e comunidades, é usada para o  deleite pessoal de falsos profetas e seus brinquedos arquitetônicos que chamam vulgarmente de igrejas.

A igreja é passiva, no entanto nem sempre pacífica.

A igreja muitas vezes veste a capa da ditadura, pois se transforma, em algumas comunidades, numa apologética teologia do não pode! Não pode vestir isso; não pode fazer isso; não pode comer isso; não pode sonhar com isso e assim vai. E nessa louca concepção dos “não pode”, ela não faz o que é seu dever fazer.

A Missão Integral é um resgate a Original percepção de Deus para a igreja. A igreja que luta, que serve e que faz.

É difícil falar de Missão Integral sem debater Teologias, muito embora, eu pessoalmente tento fazê-lo sempre. Diante desse fato gostaria de enfatizar que é um erro olhar para a igreja apenas pela lente da Teologia, pois a igreja é um organismo vivo, caminhante, e de múltiplas ações e vertentes.

Devemos sim olhar também a igreja pela Lente Sociológica. Afinal, a igreja não é somente uma grandeza espiritual. Ela também é uma figura social concreta. Portanto a análise sociológica da igreja neotestamentária é algo lógico. Os papeis dos homens e das mulheres, estrutura da família, relacionamento entre ricos e pobres, representantes de diversas culturas, estruturas de organização, formas de comunicação.

Basta dizer que no antigo testamento Deus preconiza para o homem aspectos espirituais, éticos, políticos e sociais para que o homem pudesse viver uma vida plena com ele. Diante disso a igreja tem o papel primordial de olhar avidamente para a transformação espiritual, mas é um erro não comprometer-se com a transformação total do homem e da comunidade na qual a igreja está inserida.

Outro olhar importante é o da  Funcionalidade da Igreja. Buscar a real vontade e missão de Deus para a igreja, seu destino, tarefa e sentido.

A igreja precisa diuturnamente refletir sobre sua funcionalidade, aliado há uma teologia bíblica pura e santa e dentro de uma percepção sociológica clara e definida. Aí então, poderemos caminhar de forma produtiva para que seja estabelecido o reino de Deus, que já está entre nós.

Quero levantar algumas  questões para nos ajudar a exercermos a tarefa de pensar e refletir:

1) Evangelização x Ação Social qual dessas ações é mais eficaz?

Primeiro precisamos responder o que é eficácia para o Reino de Deus. Muito creem que eficácia é encher a igreja de pessoas, ou seja, só atingimos os objetivos se a igreja crescer exponencialmente. De fato, se formos levar em conta as Primeiras conversões registradas em Atos  2.41 De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas”. Corremos o risco de acreditar que a Quantidade é superior a qualidade e que a primazia de Deus é encher igreja de pessoas.

O relatório da Consulta Internacional realizada em Grand Rapids (EUA), presidida por John Stott em 1982, concluiu que na questão da primazia entre evangelização e ação social "a evangelização tem certa prioridade. Não estamos falando em prioridade temporal, mas em prioridade lógica, pois há situações em que o ministério social precisa vir primeiro" (STOTT, 1983, p. 23).

"Um ministério integral verdadeiro define a evangelização e a ação social como funcionalmente separadas, mas relacionalmente inseparáveis e necessárias para um ministério integral da igreja" (YAMAMORI, 1998, p. 14).

A discussão pouco louvável no meio cristão sobre a missão prioritária da Igreja no mundo também levou o comitê de Lausanne a elaborar uma declaração sóbria e amadurecida. Diz assim, em seus artigos, o chamado Pacto de Lausanne: "Os resultados da evangelização incluem a obediência a Cristo, o ingresso em sua igreja e um serviço responsável no mundo" (O PACTO DE LAUSANNE, 1983, IV). E ainda:

“Afirmamos que Deus é o Criador e o Juiz de todos os homens. Portanto, devemos partilhar o seu interesse pela justiça e pela reconciliação em toda a sociedade humana, e pela libertação dos homens de todo tipo de opressão. Porque a humanidade foi feita à imagem de Deus, toda pessoa, sem distinção de raça, religião, cor, cultura, classe social, sexo ou idade possui uma dignidade intrínseca em razão da qual deve ser respeitada e servida, e não explorada. Aqui também nos arrependemos de nossa negligência e de termos algumas vezes considerado a evangelização e a atividade sociais mutuamente exclusivas. Embora a reconciliação com o homem não seja reconciliação com Deus, nem a ação social evangelização, nem a libertação política salvação, afirmamos que a evangelização e o envolvimento sócio-político são parte do nosso dever cristão. (Idem, V) (Grifos nossos)” (Rev Josivaldo de França Pereira em seu artigo A Missão Integral da Igreja)

Podemos concluir que não existe a mais eficaz, mas que ambas são necessárias e sua junção traz à igreja ao ponto mais próximo da vontade do pai. Em Lucas 9.13 diante da multidão faminta que escutava avidamente a Palavra de Deus, Jesus sensibiliza-se e diz aos discípulos: Jesus replicou-lhes: Dai-lhes vós mesmos de comer. Aqui Jesus nos ensina algumas lições importantes:

a) Os recursos muitas vezes necessários para uma ação comunitária estão na própria comunidade.

b) Quando a igreja se mobiliza em torno do cuidado com a comunidade Jesus certamente providencia o milagre.

c) A igreja deve ser sensível à fome às injustiças social que oprimem o Pobre e o necessitado.

2) Utilizamos a Estrutura funcional da Igreja de forma adequada à transformação Física, Social e espiritual de pessoas e comunidades?

            Esta é um pergunta intrigante, pois, tem sido dito que a Igreja (instituição) é uma estrutura cara e mal utilizada. Sendo franco e honesto, temos que concordar se não, vejamos:

             A maioria das igrejas só abre a noite para realizar cultos, reuniões e ensaios de grupo musicais, danças e Teatros. Depois de ensaiar, esses grupos cantam, dançam e teatralizam para a própria igreja, e, na maioria das vezes, em cultos festivos.

Durante todo o dia suas portas estão fechada e a estrutura completamente sem uso. Pessoas com altíssimo potencial, chamados por um Deus onipotente, mas que usa seus talentos e dons apenas para liturgias religiosas e pouco para fazer a Missão de Deus.

Deus não nos chamou para sermos frequentadores de Igreja, mas adoradores que o adoram em Espírito e em verdade (João 4:20-24).

Vivemos tempos maus, onde as pessoas se tratam de forma impessoal. Vizinhos que não se conhecem, e cristãos que não criam laços porque acham que não existe mais amor e nem amizade. A bíblia diz: E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. Atos 2:44.

Vivemos uma geração incrédula e egoísta onde cada um pensa de um jeito e olha para o lado que quer e a igreja caiu nessa cilada. Mas, Cristo chama para uma reflexão sobre quem é o seu próximo. A Minha esposa trouxe essa questão em um encontro missionário e levou a pensar que o nosso próximo é todo aquele que precisa de ajuda e precisa do cuidado e do amor de Deus.

A igreja não nasceu para ser o celeiro dos iguais, mas a carruagem de fogo profética que inclui os excluídos e empunha a palavra de Deus em favor dos oprimidos e dilacerados emocionais.

 A igreja é voz do mudo, o leite do faminto e a porta da libertação dos presos e cativos.

O espírito do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos; A apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes; A ordenar acerca dos tristes de Sião que se lhes dê glória em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantações do Senhor, para que ele seja glorificado. E edificarão os lugares antigamente assolados, e restaurarão os anteriormente destruídos, e renovarão as cidades assoladas, destruídas de geração em geração. Isaías 61:1-4

Essa profecia messiânica diz respeito a todos nós, pois somos imagem e semelhança de Cristo. Foi ele quem disse: coisas ainda maiores farão.

Cristo é para a Igreja do Senhor, o único e perfeito modelo da Missão de Deus. Não é a teologia de Calvino ou Armínio; tão pouco a Teologia da Libertação, Prosperidade ou até a Teologia da Missão Integral; mas a Missio Dei, a Missão do Pai, que foi modelada no Cristo ressurreto, e por meio do Espírito faz a Igreja Mover-se para que todas as áreas das dimensões humanas sejam redimidas pelo poderoso sangue de Jesus.

Indivíduos, lugares, cidades restaurados pelo poder de Jesus por meio da igreja.

É necessário coragem para quebrar paradigmas que a igreja construiu há tanto tempo. É preciso coragem para romper com conceitos teológicos criados com boas intenções, mas incapazes em sua própria natureza e princípio de fazer a obra do mestre com primazia e graça.

Eu, Pastor Hudson Taylor, me recuso a ser um igreja sem vida , sem graça e sem poder. E me recuso a creditar que a igreja é apenas uma agência de pregações e onde nos reunimos para cantar, louvar, dançar e fazer teatros.

Acredito na igreja total, ampla, poderosa, capaz de transformar tudo o que a cerca: pessoas, comunidades e cidades.

Acredito na igreja que ama a todos sem distinção, que se compromete em amar ao próximo mais com ações do que com palavras.

Uma igreja profética, que fala a verdade e não se acovarda diante de poderes políticos, que não faz conluio e nem acordos banais, que não se rende diante de Baal e nem de mamom porque sabe o seu chamado e reconhece o seu propósito.

            Em Cristo, por Cristo e para Cristo,


            Hudson Taylor Rodrigues Mais