Não é que nós nãos estejamos fazendo nada, pois temos
consciência que fazemos muito para que o reino de Deus cresça e desenvolva.
Porém, somos aquilo o que a grande maioria das igrejas é, um local de adoração.
Vivemos uma vida dupla: à noite vamos pra igreja adorar
ao Senhor em dias pré-estabelecidos e depois voltamos para as nossas casas. Não
nos preocupamos com nada, nem com ninguém, não nos atualizamos sobre os problemas
sociais do bairro, da cidade e do país.
Estamos alienados numa estrutura religiosa fechada dentro
de quatro paredes, um piso e um teto. Somos os “igrejados” e muitos que passam
a pensar e refletir sobre a estase da igreja, infelizmente se tornam no que não
deveriam se tornar: “desigrejados”.
Somos uma multidão de 43 milhões de pessoas em todo o
Brasil e alguns Bilhões no mundo todo com altíssimo potencial, que carregam
alguns bilhões de dólares e trabalham em muitos lugares e que têm dentro de si
o Poder do Espírito Santo, mas não conguem influenciar relevantemente a massa.
Algumas igrejas Neopentecostais percebendo isso aprisionaram
o Cristo na Cruz e aderiram ao capitalismo fatal entronizando Mamom em seus
púlpitos e coração. Decorrente disso uma grande soma do potencial financeiro das
igrejas que deveria ser usada para a transformação de vidas e comunidades, é
usada para o deleite pessoal de falsos
profetas e seus brinquedos arquitetônicos que chamam vulgarmente de igrejas.
A igreja é passiva, no entanto nem sempre pacífica.
A igreja muitas vezes veste a capa da ditadura, pois se
transforma, em algumas comunidades, numa apologética teologia do não pode! Não pode vestir isso; não
pode fazer isso; não pode comer isso; não pode sonhar com isso e assim vai. E
nessa louca concepção dos “não pode”, ela não faz o que é seu dever fazer.
A Missão Integral é um resgate a Original percepção de Deus
para a igreja. A igreja que luta, que serve e que faz.
É difícil falar de Missão Integral sem debater Teologias,
muito embora, eu pessoalmente tento fazê-lo sempre. Diante desse fato gostaria
de enfatizar que é um erro olhar para a igreja apenas pela lente da Teologia,
pois a igreja é um organismo vivo, caminhante, e de múltiplas ações e
vertentes.
Devemos sim olhar também a igreja pela Lente Sociológica.
Afinal, a igreja não é somente uma grandeza espiritual. Ela também é uma figura
social concreta. Portanto a análise sociológica da igreja neotestamentária é
algo lógico. Os papeis dos homens e das mulheres, estrutura da família,
relacionamento entre ricos e pobres, representantes de diversas culturas,
estruturas de organização, formas de comunicação.
Basta dizer que no antigo testamento Deus preconiza para
o homem aspectos espirituais, éticos, políticos e sociais para que o homem
pudesse viver uma vida plena com ele. Diante disso a igreja tem o papel
primordial de olhar avidamente para a transformação espiritual, mas é um erro
não comprometer-se com a transformação total do homem e da comunidade na qual a
igreja está inserida.
Outro olhar importante é o da Funcionalidade da Igreja. Buscar a real
vontade e missão de Deus para a igreja, seu destino, tarefa e sentido.
A igreja precisa diuturnamente refletir sobre sua
funcionalidade, aliado há uma teologia bíblica pura e santa e dentro de uma
percepção sociológica clara e definida. Aí então, poderemos caminhar de forma
produtiva para que seja estabelecido o reino de Deus, que já está entre nós.
Quero levantar algumas
questões para nos ajudar a exercermos a tarefa de pensar e refletir:
1)
Evangelização x Ação Social qual dessas ações é mais eficaz?
Primeiro precisamos responder o que é
eficácia para o Reino de Deus. Muito creem que eficácia é encher a igreja de
pessoas, ou seja, só atingimos os objetivos se a igreja crescer exponencialmente.
De fato, se formos levar em conta as Primeiras conversões registradas em Atos 2.41 “De
sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e
naquele dia agregaram-se quase três mil almas”. Corremos o risco de acreditar que a Quantidade é superior a
qualidade e que a primazia de Deus é encher igreja de pessoas.
O relatório da Consulta
Internacional realizada em Grand Rapids (EUA), presidida por John Stott em
1982, concluiu que na questão da primazia entre evangelização e ação social
"a evangelização tem certa prioridade. Não estamos falando em prioridade
temporal, mas em prioridade lógica, pois há situações em que o ministério
social precisa vir primeiro" (STOTT, 1983, p. 23).
"Um ministério integral
verdadeiro define a evangelização e a ação social como funcionalmente
separadas, mas relacionalmente inseparáveis e necessárias para um ministério
integral da igreja" (YAMAMORI, 1998, p. 14).
A discussão pouco louvável no
meio cristão sobre a missão prioritária da Igreja no mundo também levou o
comitê de Lausanne a elaborar uma declaração sóbria e amadurecida. Diz assim,
em seus artigos, o chamado Pacto de Lausanne: "Os resultados da
evangelização incluem a obediência a Cristo, o ingresso em sua igreja e um
serviço responsável no mundo" (O PACTO DE LAUSANNE, 1983, IV). E ainda:
“Afirmamos que Deus é o Criador e
o Juiz de todos os homens. Portanto, devemos partilhar o seu interesse pela justiça
e pela reconciliação em toda a sociedade humana, e pela libertação dos homens
de todo tipo de opressão. Porque a humanidade foi feita à imagem de Deus,
toda pessoa, sem distinção de raça, religião, cor, cultura, classe social, sexo
ou idade possui uma dignidade intrínseca em razão da qual deve ser respeitada e
servida, e não explorada. Aqui também nos arrependemos de nossa negligência e
de termos algumas vezes considerado a evangelização e a atividade sociais
mutuamente exclusivas. Embora a reconciliação com o homem não seja
reconciliação com Deus, nem a ação social evangelização, nem a libertação
política salvação, afirmamos que a evangelização e o envolvimento
sócio-político são parte do nosso dever cristão. (Idem, V) (Grifos nossos)” (Rev
Josivaldo de França Pereira em seu artigo A Missão Integral da Igreja)
Podemos concluir que não existe a
mais eficaz, mas que ambas são necessárias e sua junção traz à igreja ao ponto
mais próximo da vontade do pai. Em Lucas 9.13 diante da multidão faminta que
escutava avidamente a Palavra de Deus, Jesus sensibiliza-se e diz aos
discípulos: Jesus replicou-lhes: Dai-lhes vós mesmos de comer. Aqui Jesus nos ensina algumas lições importantes:
a) Os recursos muitas vezes necessários para uma ação
comunitária estão na própria comunidade.
b) Quando a igreja se mobiliza em torno do cuidado com a
comunidade Jesus certamente providencia o milagre.
c) A igreja deve ser sensível à fome às injustiças social que
oprimem o Pobre e o necessitado.
2) Utilizamos a Estrutura funcional da
Igreja de forma adequada à transformação Física, Social e espiritual de pessoas e comunidades?
Esta é um pergunta intrigante, pois,
tem sido dito que a Igreja (instituição) é uma estrutura cara e mal utilizada.
Sendo franco e honesto, temos que concordar se não, vejamos:
A maioria das igrejas
só abre a noite para realizar cultos, reuniões e ensaios de grupo musicais,
danças e Teatros. Depois de ensaiar, esses grupos cantam, dançam e teatralizam
para a própria igreja, e, na maioria das vezes, em cultos festivos.
Durante todo o dia suas portas
estão fechada e a estrutura completamente sem uso. Pessoas com altíssimo
potencial, chamados por um Deus onipotente, mas que usa seus talentos e dons
apenas para liturgias religiosas e pouco para fazer a Missão de Deus.
Deus não nos chamou para sermos
frequentadores de Igreja, mas adoradores que o adoram em Espírito e em verdade
(João 4:20-24).
Vivemos tempos maus, onde as
pessoas se tratam de forma impessoal. Vizinhos que não se conhecem, e cristãos
que não criam laços porque acham que não existe mais amor e nem amizade. A
bíblia diz: E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. Atos 2:44.
Vivemos uma geração
incrédula e egoísta onde cada um pensa de um jeito e olha para o lado que quer
e a igreja caiu nessa cilada. Mas, Cristo chama para uma reflexão sobre quem é
o seu próximo. A Minha esposa trouxe essa questão em um encontro missionário e
levou a pensar que o nosso próximo é todo aquele que precisa de ajuda e precisa
do cuidado e do amor de Deus.
A igreja não nasceu
para ser o celeiro dos iguais, mas a carruagem de fogo profética que inclui os
excluídos e empunha a palavra de Deus em favor dos oprimidos e dilacerados
emocionais.
A igreja é voz do mudo, o leite do faminto e a porta da libertação
dos presos e cativos.
“O
espírito do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar
boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração,
a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos; A apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da
vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes; A ordenar acerca dos tristes de Sião que se lhes dê glória
em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de
espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantações
do Senhor, para que ele seja glorificado. E edificarão os lugares antigamente assolados,
e restaurarão os anteriormente destruídos, e renovarão as cidades
assoladas, destruídas de geração em geração. Isaías 61:1-4
Essa profecia
messiânica diz respeito a todos nós, pois somos imagem e semelhança de Cristo.
Foi ele quem disse: coisas ainda maiores farão.
Cristo é para a
Igreja do Senhor, o único e perfeito modelo da Missão de Deus. Não é a teologia
de Calvino ou Armínio; tão pouco a Teologia da Libertação, Prosperidade ou até
a Teologia da Missão Integral; mas a Missio Dei, a Missão do Pai, que foi
modelada no Cristo ressurreto, e por meio do Espírito faz a Igreja Mover-se para
que todas as áreas das dimensões humanas sejam redimidas pelo poderoso sangue
de Jesus.
Indivíduos, lugares,
cidades restaurados pelo poder de Jesus por meio da igreja.
É necessário coragem para quebrar
paradigmas que a igreja construiu há tanto tempo. É preciso coragem para romper
com conceitos teológicos criados com boas intenções, mas incapazes em sua
própria natureza e princípio de fazer a obra do mestre com primazia e graça.
Eu, Pastor Hudson Taylor, me
recuso a ser um igreja sem vida , sem graça e sem poder. E me recuso a creditar
que a igreja é apenas uma agência de pregações e onde nos reunimos para cantar,
louvar, dançar e fazer teatros.
Acredito na igreja total, ampla,
poderosa, capaz de transformar tudo o que a cerca: pessoas, comunidades e
cidades.
Acredito na igreja que ama a
todos sem distinção, que se compromete em amar ao próximo mais com ações do que
com palavras.
Uma igreja profética, que fala a
verdade e não se acovarda diante de poderes políticos, que não faz conluio e
nem acordos banais, que não se rende diante de Baal e nem de mamom porque sabe
o seu chamado e reconhece o seu propósito.
Em
Cristo, por Cristo e para Cristo,
Hudson
Taylor Rodrigues Mais